DivulgaçãoO prédio, ainda em construção, terá apartamentos de até 900m² que vão custar R$ 9,5 milhões
O Haliwell Bank pesquisou todos os estados brasileiros e descobriu que, com um crescimento de 55% no período de 2003 a 2010, o Rio Grande do Norte deu um salto, no que diz respeito ao número de pessoa que possuem mais de R$ 1 milhão na conta. Em comparação com o restante do país, a "fortuna" dos abastados potiguares ainda é acanhada. Com seus 427 milionários, o Estado ocupa a 19a posição em números absolutos no país. O Brasil tem mais de 129 mil milionários. São Paulo, por exemplo, primeiro lugar disparado, ostenta 63.398 endinheirados. O estudo foi publicado na última semana pela revista Exame.
A quantidade e o crescimento dessa faixa da população no RN foi acompanhada por um mercado igualmente "classe A". Não existem dados estatísticos sobre o tamanho do chamado "mercado de luxo" no Estado. Mas não é preciso método científico para perceber que se trata de um mercado com potencial para crescer ainda mais. Os carros - caros, importados - estão nas ruas. Os apartamentos e imóveis luxuosos se reproduzem e se concentram em ilhas de prosperidade ao longo da capital. Mas o que define um produto de luxo? Onde esses produtos estão à venda em Natal?
Na esquina da avenida Getúlio Vargas com a avenida Nilo Peçanha, em frente ao Hospital Onofre Lopes, ergue-se, imponente, um dos mais luxosos condomínios residenciais da capital. O Issa Hazbun terá 34 apartamentos, a maioria com 480 metros quadrados - quase dez vezes o tamanho de um apartamento popular - e avaliados numa faixa que vai de R$ 3,9 milhões até R$ 4,7 milhões, a depender do andar. A cobertura, no entanto, tem outro padrão. Duplex com 900 metros quadrados, o imóvel está avaliado em R$ 9,5 milhões. Milionários de plantão, desistam. O imóvel já foi arrematado, segundo a Construtora Hazbun, por um empresário natalense.
De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas Imobiliárias (Secovi), Jailson Dantas, os aspectos que definem um empreendimento de luxo são localização, acabamento, materiais utilizados, vagas para garagem e tamanho. O item localização é imprescindível. "Temos bairros conhecidos por abrigarem empreendimentos de luxo, como Petrópolis, Tirol, Areia Preta, etc", diz. Apesar de parecer um detalhe, o número de vagas na garagem também é fundamental. "Às vezes, a imobiliária deixa de fazer uma venda porque não há vagas suficientes. Há condomínios com cinco ou sete vagas por apartamento", aponta.
A exclusividade é outro quesito que chama a atenção, não somente no ramo de imóveis como em outros do dito mercado de luxo. O Condomínio República de Jacumã, na Praia de Jacumã, usa esse conceito para atrair a sua clientela "milionária", com preços que variam de R$ 500 mil a R$ 2 milhões. São 51 apartamentos e casas, de 72 a 580 metros quadrados. Pela dimensão, o empreendimento cria praticamente uma praia particular para seus clientes. Há segurança particular e o condomínio é fechado. O resto do mundo fica do lado de fora.
João Hernandes, um dos investidores do projeto, afirma que o público-alvo é prioritariamente natalense. "Vamos vender no Sudeste e na Europa também, mas o alvo é o público natalense. Empresários e profissionais liberais, como advogados e médicos", aponta.
Nesse tipo de mercado, a forma de vender também é diferente. As imobiliárias elaboram carteiras de clientes específicas, formada obviamente por gente que pode pagar o preço que o empreendimento pede. "Normalmente, prepara-se um evento privativo, fechado, e a imobiliária oferece o produto aos consumidores indicados para aquela faixa", explica Jailson.
Carros e lanchas são os preferidos
Não é possível falar em mercado de luxo sem pensar em automóveis. Como é de conhecimento geral, um carro vale muitas vezes menos por sua utilidade do que pelo status que representa. Adquirir um veículo de marca famosa e cara é fundamental para pertencer ao time dos abastados. Não por menos, Natal recebe cada vez mais lojas de veículos importados. Land Rover e Audi são algumas das marcas já tradicionais nas ruas natalenses, como símbolos de luxo. Na última semana, mais uma marca famosa - e cara - chegou a Natal: a BMW.
Júnior SantosRenan Rêgo conta que em um mês de funcionamento da BMW, já foram vendidas 40 unidades
Com um investimento de um grupo de Recife, a Sael BMW inaugurou oficialmente sua loja na avenida Prudente de Morais. A marca BMW dispensa apresentações. Na mais recente pesquisa de mercado da MCF Consultoria, a montadora alemã aparece nas primeiras posições, como marca mais associada aos produtos de alto padrão. Em Natal, com pouco mais de um mês de vendas - apesar da inauguração oficial ter sido somente na última quinta-feira - foram negociados 40 produtos. Os automóveis variam de preço, entre R$ 70 mil a mais de R$ 400 mil. "Escolhemos o mercado de Natal porque é perceptível que é um mercado que consome carros novos e no nosso perfil. Basta olhar as ruas para perceber isso", diz.
Um mercado em ascensão é o de venda de lanchas. Durante o veraneio, fica perceptível a quantidade de veículos existentes nas mãos dos natalenses. Esse passou a ser um item fundamental na composição do status na capital. O proprietário de uma das lojas especializadas nesses produtos, Zenilton Santos, é bastante sincero ao comentar o que leva o natalense a comprar lanchas e jet ski. "Status", define. E complementa: "Pouca gente realmente tem digamos assim uma paixão por navegar. É mais uma questão de status mesmo".
Alberto LeandroAs lanchas são os novos sonhos de consumo da classe alta. Elas custam de R$ 55 mil a R$ 1 milhão
Coincidência ou não, o modelo mais procurado é ideal para uma festa na costa natalense (quem sabe até nos parrachos de Pirangi?). "É uma lancha que custa cerca de R$ 130 mil. Cabe 10 pessoas, tem espaço para acondicionar bebida, comida, etc. Ideal para levar os vizinhos para dar um passeio", diz, rindo. De acordo com Zenilton, em Natal são vendidas cerca de 50 lanchas por ano. "É um mercado incipiente. Há potencial para vender 200 com toda certeza", avalia. Os preços variam entre R$ 55 mil a R$ 1 milhão. "Nunca vendi uma de R$ 1 milhão, que está disponível somente por encomenda. A mais cara custou R$ 250 mil e foi para Mossoró", relembra. Vender a de R$ 1 milhão talvez não esteja tão longe. A "popularização" do produto tem uma estratégia de marketing das mais eficientes. "Já diz o ditado: o que os olhos não vêem... quando as pessoas começam a observar um vizinho ou um parente com uma, aí vem a vontade de comprar também", encerra.
Do Tribuna do Norte.
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